APAC masculina de Manhumirim/MG

01/01/2020

Inauguração da APAC de Manhumirim/MG.

Foram realizadas diversas audiências públicas para que a comunidade fosse apresentada ao método, dando assim um pontapé inicial para seu surgimento. Após a apresentação da proposta feita em Audiência Pública para a sociedade, que foi muito bem aceita, convocaram no dia 12 de março de 2007, uma Assembleia para que fosse criada a APAC de Manhumirim.

Há apoximadamente vinte anos, quando a missionária, Irmã Helena, chegou ao município de Manhumirim no estado de Minas Gerais, de imediato já se engajou na Pastoral Carcerária. Muito comovida com o trabalho que a igreja fazia e sensibilizada com a situação dos detentos que ali cumpriam pena, teve a ideia de fundar uma Associação de Proteção e Assistência aos Condenados – APAC em Manhumirim.

Foram realizadas diversas audiências públicas para que a comunidade fosse apresentada ao Método, dando assim um pontapé inicial para seu surgimento. Na ocasião, foi oferecido pelo gestor municipal, um terreno na zona rural de Manhumirim, no Córrego Caatinga, porém, o local não tinha espaço suficiente para a construção do prédio, pois ali seria para alojar outras entidades.

Após a apresentação da proposta feita em audiência pública para a sociedade, que foi muito bem aceita, convocaram no dia 12 de março de 2007, uma assembleia para que fosse criada a APAC de Manhumirim.  

O primeiro presidente eleito, Dário Veiga, expõe:

Com a formação da APAC de Manhumirim, pude aprender que podemos contribuir para que o homem seja recuperado com dignidade e com a certeza de ser inserido no seio da sociedade, após o comprimento da pena onde o preso é tratado como ser humano.

Diante da falta de um terreno, o Juiz da Vara de Execução Penal, na época, Dr. Daniel da Silva Ulhoa, destinou recursos oriundos de prestação pecuniária para a aquisição do terreno, o qual não foi suficiente. Desse modo, os membros da diretoria tiveram a ideia de promoverem ações entre amigos, para que fossem angariados fundos que cobrissem a construção do Centro de Reintegração Social – CRS, porém, ainda assim o dinheiro adquirido era pouco para um orçamento de mais de 3 milhões, sendo necessário correr atrás de um convênio com o estado para a construção.

Enquanto estavam no processo de conseguir a quantia suficiente para a obra, a sede da APAC ficou sendo na Avenida Agenor Carlos Werner, ponto alugado pelo município de Manhumirim, a qual dividia o espaço com o CONSEP/Manhumirim. Em parceria com o FADILESTE de Reduto/MG, faziam atendimentos jurídicos através do núcleo. Com a troca do executivo municipal e para redução de custo para o município, o gestor da época transferiu a sede para um novo ponto, que também pertencia ao município, na Praça Mariza Fully Coelho, “Sala da Rodoviária”.

De posse do terreno, foi celebrado o convênio com o estado de Minas Gerais e com a Minas Gerais Participações – MGI, para iniciar a construção do CRS, a qual começou em abril de 2014, com muita dedicação da diretoria, voluntários, e já com parte do recurso depositado na Caixa Econômica Federal.

As principais pessoas que participaram da iniciativa foram a Sra. Lucíula Rodrigues, Sra. Renata Elisa Portes, Sra. Luciene Emerick, Sr. Luciano Luiz da Silva, Dário Veiga e tantas outras.

Com a obra concluída, em 2019 foi realizado o 1º processo seletivo para contratação de funcionários para o quadro do CRS.

Depois da longa espera pela conclusão da obra, em 07 de junho de 2019, foi inaugurada o CRS da APAC de Manhumirim, no Córrego Barra do Lessa, com capacidade para abrigar 84 recuperandos, com espaços destinados à laborterapia, sala de aula, auditório, biblioteca, quadra, cozinha, etc.

Inauguração da APAC de Manhumirim/MG.

Nesse dia, a solenidade contou com a participação das autoridades das cidades envolvidas na execução penal da comarca, juntamente com o Tribunal de Justiça, SEJUSP, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, e autoridades dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.

Apesar da inauguração, a APAC de Manhumirim não abriu suas portas por falta de verba do estado para seu funcionamento.

O CRS somente iniciou suas atividades no dia 01 de outubro de 2020. Logo, no dia 13 de outubro de 2020, chegaram os primeiros recuperandos, quais sejam: João Batista dos Santos, José Silva de Oliveira, Reinaldo Souza Martins, Amós Caetano, Cristiano do C. Gomes Cardoso, Gelmirez Oliveira do Nascimento, Auréo Butters Pereira, Wellington dos Santos Caetano. João foi um dos apenados do presídio local escolhido para ser multiplicador da metodologia entre os presos, e José Silva e Reinaldo, vieram do CRS da APAC para auxiliar João nos 3 primeiros meses de CRS.

Fachada do CRS de Manhumirim/MG.

No dia 14 de novembro de 2020, exatamente às 14h00min, na Câmara Municipal de Manhumirim/MG, atendendo ao edital de convocação de 06 de novembro de 2020, houve a primeira assembleia geral de eleição e posse da presidente executiva, após a APAC ter finalmente aberto suas portas.  

Assumindo a direção dos trabalhos, a atual presidente do Conselho Deliberativo, Sra. Maria Aparecida de Paula Cunha e a secretária, Srta. Maricelma de Siqueira, apresentaram o que seria tratado na reunião e a nova eleição que deveria ser feita antecipadamente do Conselho Fiscal, Conselho Deliberativo, Mesa Diretora e da Presidente Executiva da APAC de Manhumirim/MG.

Sendo assim, foi eleita a Sra. Kilza Horst de Fonseca, Presidente, Luciula Rodrigues Gomes de Faria, Vice-Presidente, Flávia de Souza Alves, 1° Secretária, Renata Ferreira Ribeiro, 2° Secretária, Rafaela de Fátima Eller, 1° Tesoureira, Luélia Cristina Moreira da Silva, 2° Tesoureira, Bianca Fulan Ricas, Diretor de Patrimônio e Elaine Márcia Tuelher Tavaz, Consultor Jurídico, para a Diretoria Executiva.

A Presidente Lucíula Rodrigues Gomes de Faria, conta:

Foram anos inventando formas de ajudar, incentivar e apoiar os sofredores do cárcere e suas respectivas famílias. Até que um dia, a Irmã Helena surgiu na cidade e convidou eu e os outros membros do grupo religioso, que visitavam e ajudavam os sentenciados da cadeia pública, a fazer parte de uma Pastoral Carcerária. E foi assim que ouvimos falar da APAC pela primeira vez. Uma associação que transformou meus propósitos morais, pessoais e minha fé, e que me tornou uma pessoa capaz de viver o amor real, sem esperar nada em troca.

O mundo não saberá a diferença entre um recuperando que pagou sua pena com dignidade e outro que não lhe foi proporcionado ter o mesmo êxito. Porém, caso um deles se torne um homem de bem e transforme a realidade de sua geração. Ah!… como terá valido a pena!

O Conselho Fiscal foi composto por Silvio Neves de Oliveira, Vânia Lúcia de Carvalho Souza, Teodomiro Carvalho Neto, Luciene Pereira Silva Emerick, Vera Lúcia de Souza Carvalho, Heytor Borel Buzim. E o Conselho ficou sendo Presidente, Kelly da Fonseca Horsth, Vice-Presidente, Maria Aparecida de Paula Cunha e a Secretária, Tatiana Amorim Guimarães.

Uma das maiores dificuldades encontradas para implantação dessa APAC ainda perdura, que é o preconceito que boa parte da sociedade tem para com aqueles que cometem crimes.

Nesses intervalos entre implantação de construção e inauguração do CRS da APAC de Manhumirim, ocorreu uma audiência pública, vários cursos de formação de voluntários e 2 seminários para divulgação e conhecimento do Método APAC para a sociedade e autoridades.

No processo de implantação da APAC, houve a participação de juízes, promotores, prefeitos e demais autoridades da época, como: Juízes, Dr. Silvemar, Dr. Luís Eduardo, Dr. Daniel, Dra. Elimar, Promotores: Dr. Gustavo, Dr. André. Prefeitos: Lauro Simão, Valdimir Ruela, Ronaldo Lopes, Darci Braga, Jr. Jacomel, Daniel Sathler, Tugues, e o representante da OAB, Fernando.

O Sr. Luciano Luiz da Silva narra:

Quando participei da primeira Audiência Pública, confesso que em um primeiro momento não acreditei muito no Método APAC. Parecia ser uma utopia inusitada, quase chegando à perfeição. Mas, quando participei do seminário, fui vendo fotos, depoimentos de pessoas que foram ressocializadas, e me apegando a causa. Depois que fui visitar a APAC de Itaúna, para ver a pratica de perto, já voltei com o pensamento de me engajar como voluntário.

Naquela época, eu tinha pouca escolaridade, mas já tinha meu próprio negócio, um escritório de despachante documentarista.  Assim, lembro que em umas das palestras do Valdeci, ele disse aos presentes: “a APAC não admite amadores”, assim, me senti incomodado com aquela frase e resolvi voltar a estudar. Hoje sou formado em Direito, deixei meu escritório, minha profissão, fiz processo seletivo e estou como Encarregado de Segurança e Disciplina da APAC de Manhumirim, o qual me orgulha muito.

Sr. Luciano Luiz da Silva, Dr. Mário Ottoboni e Sra. Luciene Emerick

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