APAC masculina de Patrocínio/MG
01/01/1996
A ideia de implementar o Método APAC no município de Patrocínio, surgiu no ano de 1996 e partiu do Juiz da Comarca, Dr. Fabiano Rubínger de Queiroz que no intuito de levar uma unidade apaqueana para a cidade convidou um grupo de líderes comunitários para conhecer a APAC de São José dos Campos – SP.
A ideia de implementar o Método APAC no município de Patrocínio, surgiu no ano de 1996 e partiu do Juiz da Comarca, Dr. Fabiano Rubínger de Queiroz. Ele estava preocupado com as condições extremamente precárias da cadeia pública local, pois ela abrigava, em média, 60 detentos em 10 celas e tinha um albergue para o regime semiaberto.
Pátio e área externa da cadeia pública de Patrocínio.
Na época, com o intuito de trazer uma unidade apaqueana para a cidade, o magistrado convidou um grupo de líderes comunitários para conhecer a APAC de São José dos Campos – SP. Ao retornarem, fizeram uma grande mobilização, coordenada pelo Sr. José Carlos Grossi, iniciando os estudos para a criação do estatuto e fundação, o que ocorreu em 11 de junho de 1996.
Uma equipe psicossocial, composta por três assistentes sociais sendo elas: Juliana Gomes, Eliane Justino e Simone Resende; e uma psicóloga, Maria Lúcia Reis, foram escolhidas para participarem do projeto de criação da entidade. Para tanto, realizaram uma pesquisa junto aos detentos, com o intuito de diagnosticar a realidade carcerária de Patrocínio, traçar uma diretriz de trabalho e fornecer subsídios às outras equipes voluntárias.
Em julho de 1997, juntamente com o Sr. José Carlos Grossi, voluntários e recuperandos, foi iniciada a construção da sede da APAC, em um terreno doado pela Prefeitura Municipal e aprovado pela Câmara Municipal de Patrocínio, situado ao lado da cadeia, onde hoje se encontra a Delegacia da Polícia Civil.
Terreno escolhido para ser a sede da APAC de Patrocínio.
A APAC foi construída por oito presos, que foram selecionados através de avaliação psicossocial. O trabalho foi iniciado com a limpeza do lote e o muro da entidade. Os atendimentos em grupo realizados pela equipe psicossocial eram realizados no próprio local, debaixo de uma barraca improvisada. As outras equipes de trabalho participavam ativamente.
Área cedida pela prefeitura local para a construção do CRS.
Durante a construção da sede da unidade apaqueana, os recuperandos selecionados passaram a dormir em uma cela separada, no albergue da cadeia. Durante o dia, apenas um voluntário e um mestre-de-obras, cedido pela Prefeitura, passavam o tempo com eles. Com o término da construção, os recuperandos foram transferidos definitivamente para a sede da APAC.
Além de terem uma fábrica de blocos comercializada na cidade, foi firmado um convênio com a prefeitura de Patrocínio para a compra de lápides de cemitério e postes feitos pelos recuperandos e também com a Superintendência de Ensino e Faculdade local, que encaminharam estagiários para lecionar na associação.
No dia 08 de agosto de 1998, foi realizado o 1º Mini Curso para Voluntários da APAC. Houve participação de mais de 50 pessoas da comunidade patrocinense, bem como representantes da Polícia Militar, do Fórum local e de Monte Carmelo. O Minicurso teve como palestrantes: o Dr. Paulo Antônio Carvalho, MM Juiz de Direito da Comarca de Itaúna, Valdeci Antônio, Diretor-Geral da FBAC, Simão Pedro, Dr. Luiz Viana, Padre Jair, todos eles enfatizando a necessidade da participação da comunidade, de modo solidário, na construção da verdadeira cidadania.
Nos dias 19 e 20 de maio de 2001, aconteceu o 1° Seminário de Conhecimento do Método APAC, ministrado por Valdeci Antônio Ferreira, evento que foi possível realizar através do empenho da Juíza Flávia Birchal de Moura e da Assistente Social do Fórum, Juliana Gomes Moreira, bem como dos demais voluntários da entidade. Durante dois dias de atividades, quase 100 pessoas passaram pelo curso que objetivou a formação de novos voluntários.
1° Seminário do Método APAC de Patrocínio.
A diretoria com mandato de 2000 a 2002, era composta por: Presidente, Alberto Sanarelli; Vice-Presidente, João Geraldo; Secretário, Osvaldo Sobrinho; Tesoureiro, Jaime Marins Nunes e Departamento Jurídico, Dr. Marcelo Ferreira de Oliveira. Por meio da equipe, a sede foi reformada, foi construído o albergue, um anexo para mais 36 recuperandos, um reservatório subterrâneo para 20 mil litros de água, entre outras coisas. A APAC nessa época atendia a 16 recuperandos do regime fechado e 36 do regime aberto. Também cumpriam penas alternativas de serviços comunitários, em média 08 condenados.
Os diretores da APAC – da esquerda para direita: voluntário; Osvaldo Sobrinho, secretário; Alberto Sanarelli, Presidente; Jaime Marins Nunes, Tesoureiro; e João Geraldo, Vice-Presidente.
A diretoria comandada pelo Sr. Alberto Sanarelli Junior.
Um dos grandes idealizadores da APAC de Patrocínio, que colaborava semanalmente, levando até aos apaqueanos sua benção e os ensinamentos de Jesus, Padre Jair, Pároco da Paróquia Padre Damião de Molokai, foi quem convidou Dona Cleusa e Sr. João, para ajudar e trabalhar na associação. Desde então, o casal vem nessa caminhada há anos. Padre Jair, entretanto, veio a adoecer gravemente e faleceu na comarca de Belo Horizonte. Após essa perda, a APAC recebeu o Padre Reinaldo e o Padre Henrique, como coordenadores da Equipe da Espiritualidade, os quais eram reconhecidos como “Holandês de Ouro”, por Dr. Mário Ottoboni.
Padre Henrique e Padre Reinaldo, com ajuda de voluntários, fazem o trabalho de espiritualidade.
Em 2004, o Sr. João Geraldo, assumiu a presidência da APAC com muitas dificuldades, pois a antiga diretoria havia deixado muitas dívidas e não havia convênio com o estado para a manutenção do Centro de Reintegração Social. Juntamente com a transferência do Juiz Dr. Flávia Birchal de Moura para a comarca de Belo Horizonte, a APAC ficou desamparada com a perda de um grande apoiador da causa.
Nessa época, o Sr. João Geraldo em conversa com o Desembargador Joaquim Alves de Andrade, sugeriu que fosse encerrado os trabalhos na APAC de Patrocínio. Contudo o desembargador pediu para que não deixasse essa “sementinha” morrer, pois seria muito difícil surgir outra oportunidade.
Em pouco tempo houve o Congresso das APACs em Itaúna/MG e na ocasião o atual presidente da APAC de Patrocínio, juntamente com sua esposa, Dona Cleusa, expuseram as dificuldades da unidade apaqueana ao Dr. Joaquim. Para tranquilizá-los, foi exposto que viria um novo juiz para o município e que ele era apoiador apaqueano, Dr. Jair.
Com a chegada do Juiz de Execução Penal, começaram a recuperar a associação, quitar as dívidas, fechar parcerias com o estado para a manutenção do CRS, o que foi mais fácil pois o Dr. Jair tinha um bom relacionamento com Dr. Luiz Carlos, que era Coordenador do Projeto Novos Rumos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o que facilitou a celebração do convênio com a APAC.
Com isso, o mandato do Sr. João Geraldo como presidente se encerrou no ano de 2011 e o da Dona Cleusa deu início. Foi um período de grandes realizações e vitórias. Porém, não conseguiram a verba para ampliação e construção do Centro de Reintegração Social, com mais segurança e conforto para os recuperandos.
Depois de um ótimo trabalho desenvolvido pelo Juiz Dr. Jair, não só na APAC, mas em toda Execução Penal de Patrocínio, o mesmo foi transferido para comarca de Belo Horizonte, onde hoje trabalha no Projeto Novos Rumos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Com sua saída, a Juíza Dra. Ana Régia Santos Chagas, assumiu a Vara de Execução Penal de Patrocínio, e por meio dela a APAC conquistou a verba para a construção do novo CRS, o qual iniciou suas obras em 2016.
No ano de 2017, com a saída da Dra. Ana Régia Santos Chagas, o novo Juiz da Execução Penal, Dr. Bruno Henrique de Oliveira, assumiu a Vara de Execuções Penais de Patrocínio e demonstrou grande interesse em ajudar a entidade, tornando-se assim um grande parceiro e colaborador dos trabalhos desenvolvidos. Com isso o Dr. Bruno, administrou toda a construção, com visitas periódicas, tendo todo o cuidado com os gastos, responsabilidade e zelo com o dinheiro público.
No dia 25 de junho de 2020, foi inaugurado o Centro de Reintegração Social de Patrocínio, com a capacidade para 92 recuperandos, sala de laborterapia, refeitório, sala de aulas, biblioteca, sala para professores, quarto de visitas íntimas e o auditório Padre Jair.
Neste dia, teve várias presenças ilustres como a presença da Cleusa Maria Silva, Presidente da APAC; Valdeci Antônio Ferreira, Diretor Geral da FBAC; Sr. Deiró Moreira Marra, Prefeito do Município de Patrocínio; Sr. Florisvaldo José de Souza, Presidente da Câmara Municipal de Patrocínio; Desembargador Nelson Missias de Morais, Desembargador Presidente do TJMG; Dr. Júlio César Gutierrez, Desembargador do TJMG; Dr. André Amorim Siqueira, Desembargador do TJMG; Dra. Márcia Maria Milanez, Desembargadora do TJMG; Dr. Luiz Carlos Rezende e Santos, Juiz Coordenador do Programa Novos Rumos do TJMG; Dr. Bruno Henrique de Oliveira, Juiz da Execução Penal de Patrocínio; Dr. Fábio Alves Bonfim, Promotor de Justiça da Execução Penal de Patrocínio; Dr. José Luiz Galdino Filho, Defensor Público Estadual; Dra. Elisa Marco Antônio, Juíza de Direito do Fórum de Patrocínio/MG; Dra. Ana Régia Santos Chagas, Juíza de Direito da 4° Vara Cível de Araguari/MG e entre outras autoridades.
Após a realização da construção do prédio, se tornou possível a aplicação da metodologia apaqueana na sua totalidade. Antes desta estrutura física não era possível a aplicação do Método em alguns aspectos, pois não haviam locais adequados.
A APAC realizou vários cursos que contribuíram para a formação de vários profissionais, que hoje se encontram trabalhando em diversos setores da comunidade.
Fachada da APAC de Patrocínio/MG.